terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Andarilho.

Tenho um certo encanto com a imagem do mendigo. Não desses mendigos comuns do Rio de Janeiro que, infelizmente, sofrem muito com milhares de problemas e geram outros milhares de problemas a sociedade.. Mas sim com um tipo de mendigo que se vê bem menos... O mendigo andarilho, um homem misterioso que anda por ai, solitário, sem pressa, sempre sozinho, carregando quase sempre uma mochila velha ou uma mala de viagem que foi jogada fora. De onde vem esse homem, sem família, sem amigos, por que ele me parece tão mais sóbrio que os outros mendigos que vejo por ai? Será que ele é feliz? Será que ele se preocupa com coisas tão mundanas como felicidade? Será que ele sabe para onde vai? Qual a idéia de lar ele tem? E de cidade natal? Seria ele cidadão do mundo? Ou uma pessoa com raízes mais profundas do que imaginamos e por vergonha, medo ou dor não volta pra sua casa... Pra sua família? Quantos lugares ele conhece? Será que já se acostumou com a indiferença das pessoas a sua existência? Será que ainda consegue se sentir grato às pessoas que lhe dão um prato de comida de vez em quando?Sou capaz de imaginar historias até para famílias de pombos que ciscam na praça, por que esses personagens do cotidiano me causam tantas dúvidas? Por que são tão misteriosos? Outro dia estava entrando na casa do meu pai, quando eu vejo um andarilho acordando, se espreguiçou, olhou pro céu por entre as árvores como quem quer saber como será o clima do dia, vai chover? Vai fazer sol? E perguntou a um homem que passava pela rua:- Senhor, que horas são, por favor?- O homem olhou com cara de espanto e respondeu meio baixo e tudo junto quatroemeia. (o famoso 16:30h)Com cara de “Ih tô atrasado!!!”, o andarilho agradeceu, já juntando seus trapos, pronto pra partir.- Obrigado senhor.Eu fui almoçar com minha família. E ele? Que compromisso tão importante ele tinha? Partiu, solitário e cheio de certeza e eu fiquei, muito bem acompanhado e cheio de dúvidas... Vida que segue!

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